É já depois de amanhã, na longínqua Krasnodar, que o FC Porto entra na época oficial 2019/20 e logo contra um obstáculo com cara de poucos amigos. E não é por serem russos, é por - dizem por aí - jogarem bem à bola. É assim, a frio e logo a doer, contra um adversário que já vai na quarta jornada do seu campeonato (2V-1E-1D).
Depois da boa imagem que deixou na Liga Europa da época anterior, onde foi eliminado e por muito pouco pelo Valência nos oitavos, o FK Krasnodar chega a esta pré-eliminatória por via do terceiro lugar que conquistou na liga russa. Não os vi jogar ainda este ano, mas quem viu (e percebe da poda) garante que vão vender cara uma eventual eliminação.
Não vale sequer o esforço de atirar com o nosso palmarés para a arena argumentativa, primeiro porque o palmarés não joga e segundo porque já vai sendo tempo de os Portistas aceitarem que o Porto actual já não é o que nos fez orgulhosos à conta da sua insuperável competência e espírito de conquista.
(Para que ninguém se confunda, o (meu) orgulho de ser Portista é inatacável e imutável, o que desapareceu foi aquela dose suplementar que advinha da superioridade competitiva que evidenciou durante várias décadas)
Hoje temos uma equipa profissional de futebol que se está a refazer, aparentemente a pensar no imediato - o acesso ao "milagre" financeiro da Champions, o único que permite continuar a suportar este tipo de gestão - e cujo princípio único parece ser o de satisfazer os desejos de Sérgio Conceição. Se há uma política desportiva estruturante, eu não a consigo detectar.
A prova provada chega pelo conjunto de entradas e saídas deste defeso. Sem questionar ainda a valia de quem chegou e o saldo teórico face ao plantel que sucede, o que se constata é a chegada de jogadores "feitos", para darem rendimento desportivo de imediato e forçosamente sem aspirar vendas futuras com relevantes mais-valias. É verdade que parece também sobrar algum espaço para os miúdos da formação, mas é preciso esperar para ver se e quem vai ter reais oportunidades para evoluir, espaço para errar e confiança para começar a mostrar as suas qualidades.
Já há muito que deixei de me afeiçoar a jogadores (Lucho e Quaresma foram os últimos), até porque deixou de fazer sentido. Hoje os jogadores são verdadeiramente profissionais, pensam apenas na sua profissão e em como dela retirar o máximo rendimento. E é também por isso que cada vez mais pessoas se desencantam com o que sobrou do futebol original.
Hoje, em 99,99% dos casos, os exemplos de amor ao clube apenas acontece em duas situações: quando o jogador já está num dos clubes de topo (e que mais paga) ou quando o jogador não tem qualidade suficiente para atrair o interesse desses "tubarões" (os Luisões desta vida). Nós é que ainda não nos convencemos disso e continuamos a sonhar com um futebol que já não existe...
Isto para dizer que os "miúdos" me interessam sobretudo na perspectiva do rendimento e das mais-valias futuras que podem gerar, que é como quem diz que o que me interessa é a política desportiva do Clube, sem olhar a nomes ou proveniências. Claro que - como sonhador que ainda sou - adorava ter na equipa principal e por muitos anos jogadores com formação no Porto, mas sei bem da utopia que isso representa.
Regressando a Krasnodar, o Porto terá de demonstrar competência suficiente para poder garantir no Dragão a passagem ao playoff, onde terá outro osso duro de roer (seja turco ou grego). As chegadas tardias de Marchesin e Uribe (dois negócios com muito para explorar) condicionam desde logo o seu potencial contributo nesta primeira mão e provavelmente na segunda também. E do que pouco que se pode ver contra o Mónaco, o resto também tem ainda muito que pedalar.
Seja como for, na quarta têm de estar todos prontos. O estatuto e o palmarés não jogam, mas quem vestir a azulebranca tem de provar merecer ser herdeiro de todos esses monstros do passado. E quem está ao leme tem também de honrar a memória do eterno Mestre.
O primeiro balanço desta nova temporada será feito assim que for conhecido o destino europeu do Clube - até la, sigo com rigor (possível...) a minha receita de sobrevivência.
Acabou a pré-época, agora é mesmo a doer. E falhar o acesso à Champions
pode mesmo revelar-se uma dor insuportável para o Clube e em particular para Sérgio Conceição. Por isso façam o favor de ser felizes.
Do Porto com Amor,
Lápis Azul e Branco
P.S. para os fãs das ligas Do Porto com Mística: vão acontecer! Já podem inscrever-se na Liga Portuguesa (token b5089773) e na FPL (código 8un4o1) que começam já na próxima sexta.
Já começa a doer. Em síntese o tempo do SC, grande portsta e tutti quanti está a chegar ao fim. O estilo, táctica e liderança estão já fora de ritmo com tudo resto.
ResponderEliminarDoeu sim. Mas tenhamos a paciência e a sabedoria de saber esperar até Setembro antes de tirar conclusões e traçar destinos. Se com SC é mau, nem consigo imaginar como seria sem ele.
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