Mid-Season Review: Parte 4 - Reforços

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Mid-Season Review: Parte 4 - Reforços


A concluir esta análise intermédia, vamos olhar para os reforços e sob duas perspectivas: análise dos desempenhos individuais dos que chegaram no verão e discussão sobre os necessários nesta janela de mercado de inverno.

Começando por quem já cá está, importa voltar a salientar que vivemos um momento muito peculiar e talvez único pelo facto de não termos comprado sequer um reforço para esta época [Vaná não conta até prova em contrário, ok? Estou a falar desta época, não de eventuais futuras].

Sempre me ensinaram que quem não tem dinheiro, não pode ter vícios, mas os nossos queridos dirigentes parece só terem aprendido a lição à força (e ainda assim... Vaná). Com o garrote financeiro bem apertado, ofereceram a Sérgio Conceição um belíssimo cardápio... de restos.

Com muita fome e ainda mais vontade de comer, o bom do treinador fez muito mais do que os requentar: deu-lhes um novo arranjo, pô-los todos bonitinhos na travessa e serviu-os como se fosse produto acabado de fazer. Ou de chegar, como preferirem.


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Claro que os retornados "ingredientes" tiveram muito a ver com o sucesso dessa receita, fica fácil de perceber. A sua predisposição para um fresh start foi decisiva e só assim se percebe a forma como Aboubakar, Marega e Ricardo (sobretudo estes) pegaram de estaca e se tornaram indispensáveis para o treinador. Os seus números "cantam" por si.

Aboubakar é o ponta-de-lança oficial da equipa. Muitas vezes perdulário, é certo, mas joga com e para a equipa, ajudando-a a ganhar terreno e a montar o cerco à baliza adversária. E sim, também marca, por vezes com pormenores de classe que, a serem mais frequentes, o colocariam entre os melhores da actualidade.

Marega é a gazua, o abre-latas, o camião desgovernado que avança pelo campo fora e por vezes só para mesmo fora dele. Tem sido essencial para desbloquear defesas, tanto as compactas e recuadas, como as mais temerárias. E também tem marcado a muito bom ritmo, acabando por complementar lindamente a capacidade ofensiva de Abou.

Ricardo surpreendeu-me muito, pela capacidade que tem demonstrado em assumir-se como verdadeiro lateral (nunca defesa), sem com isso descurar em demasia a (fundamental) missão defensiva. E pela polivalência, saltando entre lateral e ala com relativa facilidade. Falta-lhe sobretudo ser mais rigoroso naquele último passe para poder equiparar-se a Telles.

Sérgio Oliveira mostrou merecer nova oportunidade, pela forma destemida como abraçou os grandes desafios que lhe foram propostos. Insisto que merece mais minutos e oportunidades, não pode ser apenas bom para os jogos mais complicados...

Quanto a Reyes e Hernâni, dois outcasts do Dragão, percursos diferentes embora com prováveis desfechos semelhantes.

Reyes começou por aproveitar bem o castigo a Felipe (oficial e técnico), exibindo-se discreto mas seguro. No entanto, os seus jogos mais recentes já mostraram um pouco dos motivos porque anteriormente não se tinha conseguido afirmar no Porto. Fico na dúvida sobre o que nos trará a seguir.

Hernâni andou cinco meses a desperdiçar por completo as parcas oportunidades que ia tendo, ao ponto de quase toda a gente já ter desistido dele. No entanto, num último fôlego, arrancou uma exibição bem agradável e mereceu mais um par de chances para se mostrar. Nessas, já não foi muito mais do que havia sido antes desse "pico de anormalidade". Por certo ficará até final da temporada, pelas circunstâncias, mas terá ainda uma palavra a dizer em sua defesa? 

Não sendo reforço, vou aqui destacá-lo como tal, tão grande que foi a metamorfose que o abençoou. Mesmo que sobre Brahimi já tenha escrito quase tudo nas anteriores partes desta análise, não se torna cansativo repetir que finalmente apareceu o jogador que todos sabiam e acreditavam poder existir. Deixou-se de amuos, de egoísmos, e começou a mostrar alegria e inteligência, colocando a sua soberba capacidade técnica ao serviço da equipa. Que assim continue até que alguém nos roube, por muitos e muitos milhões.


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Arrumada a questão dos que cá estão, afloremos a dos que cá deveriam estar - ou chegar, antes que Janeiro se finde. Sim, falo dos reforços de inverno.

[Por esta altura já estão assegurados Waris e Paulinho, mas a análise que se segue foi feita antes de alguém ser oficialmente confirmado


BALIZA


Temos excesso de jogadores, o que é notável considerando a escassez nos demais sectores. Aparentemente, só dois contam para o "totobola": Iker e . Um deles (ou ambos), continuarão a defesa da nossa baliza até final da temporada.


DEFESA


O sector que mais me preocupa, de longe. Até agora, tivemos a felicidade de Alex Telles não se ter lesionado. Nem Marcano. Nem Felipe. Nem Reyes.

No centro da defesa está o grande problema do plantel, em minha opinião. Pela falta de quantidade e de qualidade também.

O único central que me deixa 90% tranquilo antes de cada embate é Marcano. Sim, o mesmo jogador que há duas épocas exigi que fosse despedido com justa causa, tantas e tão más foram as suas exibições. A verdade é que conseguiu por a cabeça no lugar e fazer uma temporada e meia de grande nível, provando que aquela época desastrada foi uma excepção. No entanto, está já livre para assinar por outro clube, tanto quanto sei. Ficará cá até Maio, mas falta saber se de corpo inteiro. E não o estou a acusar de ser mau profissional, já demonstrou que não o é, mas é apenas natural que se perca parte do foco quando se sabe que o futuro não passa por cá.

Tanto Felipe como Reyes não me inspiram confiança. Tanto podem fazer uma boa exibição como uma má. Pior, uma boa exibição destruída por um momento de "loucura", como aliás tem acontecido. Felipe e as expulsões (efectivas e perdoadas); Reyes e as "travadinhas cerebrais" (relembremos a falta de onde nasceu o golo do Estoril, por exemplo).

Em suma, o centro da defesa é Marcano e um dos outros dois. Se o espanhol "falta" (ou se ausenta...), o jogo já começa em risco. Estando presente, falta saber se o parceiro de ocasião vai estar em dia "sim". Precisamos não de um, mas de dois centrais de qualidade. Um com extrema urgência - AGORA -, o outro no próximo defeso.

Não contratar um central é correr um risco tremendo, em minha opinião.

Quanto à lateral esquerda, temos Layún como backup de emergência (aliás, temos Layún como backup de emergência para 10 das 11 posições...), mas alguém acredita que a troca se faria sem "custos"? Pior, com Telles lesionado e Layún a ser castigado, por exemplo, iria Maxi para a esquerda. Not good. Quem não se lembra ainda dos quatro centrais do Lorpa em Munique?


MEIO-CAMPO


Aqui a questão tem mais a ver com o perfil do que com a qualidade/quantidade. Temos jogadores com capacidade para estar no plantel, outros ainda a tentar prová-lo. André André é dos que mais tem desiludido e não dou a sua continuidade após Maio como certa. Sérgio Oliveira tem respondido bem, mas raramente é utilizado. Otávio quase não tem tempo para se mostrar entre lesões... Óliver... bem, nem sei o que pensar. Certo é que também raramente é opção.

Em rigor, é Danilo e Herrera. E Sérgio Oliveira, contra equipas do nosso nível ou superior. Se Danilo se lesiona, cai o Carmo e a Trindade. A sério, pior que uma lesão de Marcano, só mesmo uma de Danilo. Porque não há ninguém com as mesmas características, mesmo se de qualidade inferior. Não há. E deveria haver. Já Herrera, o problema é outro, sobejamente discutido, nem vale a pena aprofundar.

Em resumo, seria interessante contratar um sósia de Danilo, em menos bom que fosse, para acautelar. E decidir, de uma vez por todas, se Óliver conta ou não. E agir de acordo com a decisão!


ATAQUE


Pela primeira vez em muitos anos, temos dois avançados a marcar muitos golos, coisa rara no Dragão. Aboubakar é o goleador-mor, destacado da "concorrência", mas Marega está a conseguir fazer-lhe frente, em especial no campeonato (que é onde mais nos interessa). E temos ainda Soares, que não conseguiu entrar verdadeiramente na época até agora. Tudo tranquilo no centro do ataque.

Nas alas, Brahimi não tem substituto, ponto. É rezar a Alá para que não se magoe e desfrutar. Corona deveria ser o contra-ponto do argelino, mas tem estado muito irregular; o talento está lá, nevertheless. Hernâni raramente é solução, apesar da boa vontade.

Dito isto, seria interessante contratar um médio ofensivo, com capacidade para jogar pelas alas (ambas, de preferência), mas que chegasse "pronto" a lutar por um lugar na equipa. Jovens promessas sim, mas a apontar para a próxima temporada - o futuro é já agora.

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Feita a revisão sectorial, segue-se um quadro com os adversários que mais se destacaram nos jogos contra o Porto, como uma espécie de guia de contratações, sobretudo os que jogam em clubes nacionais.

A bold estão os teoricamente possíveis e acrescentei o azul aos que, desse lote, seriam mais interessantes.

Bem sei que alguns nomes estarão longe de ser consensuais, mas o objectivo não era esse, somente o de expressar a minha opinião. Note-se que não sou (nem quero ser) nenhum expert em mercado ou scouting, como se comprova pelo meu total desconhecimento de Waris.




Algumas notas:

- Lucas Evangelista tem tudo para ser um grande jogador, aliás impressionou-me muitíssimo vê-lo ao vivo no Estoril - Porto. Vinha já.

- Gostei de Paulinho no primeiro encontro com o Portimonense, mas quem mais se destacou em ambos foi Nakajima. Vinha.

- O lampião Benny também promete dar que falar; estando disponível (difícil), era de seguir com atenção e rédea curta.

- João Novais, o filho de Abílio (ex-Salgueiros e Porto), tem estado muito bem e valia a pena seguir-lhe o rasto com muita atenção. Isto para não o trazer já...

- Raphinha, com a sua pinta de Di Maria, pode mesmo ter o que é preciso para se tornar num caso sério. Não sei como é a sua atitude profissional, mas a ser positiva, faria de tudo para que não acabasse num dos rivais. Vinha e era já.

- O "nosso" Fábio Martins tem evoluído muito desde que de cá saiu... não valeria uma segunda oportunidade? E a promessa Xadas? E já agora, Bruno Viana, o central?

- Osório, central do Tondela, impressionou-me neste último jogo. Pelos vistos, a ser verdade o que vem hoje na imprensa, a Sérgio Conceição também. Só o vi uma vez, pelo que me remeto para o departamento de scouting qualquer avaliação mais completa. No entanto, precisamos de um central já, já.

- Oberlin não nos defrontou, mas a forma como massacrou outros por aí deixou-me muito impressionado e com vontade de o agarrar. Temo é que já esteja fora do nosso (curto) alcance, mas haveria de investigar com certeza.

- Allano está a azul por engano ;-)


E pronto, está feita a minha boa acção de Janeiro. Até breve...


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Se só agora chegou a esta Mid-Season Review, deixo-lhe os links para as partes que o antecederam, sugerindo que siga a ordem numérica para melhor compreensão.

Mid-Season Review: Parte 1 - Desempenho Colectivo

Mid-Season Review: Parte 2 - Utilização

Mid-Season Review: Parte 3 - Produção Ofensiva e Pontos DPcA 



Do Porto com Amor,

Lápis Azul e Branco




1 comentário:

  1. Casillas, Oliver
    Osório, Tiago Silva, Diego Medeiros, Helder Tavares
    Xadas, Nakajima, João Novais
    Lucas Evangelista e Raphinha

    E saia uma Liga dos Campeões com um Double Cheeseburger BBQ, 2 Coca-colas e um saco de pipocas.

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