Não era este o regresso à escrita que tinha planeado. Na verdade, nem planeio voltar, apenas ir voltando sempre que inevitável. Estava a guardar-me para o pós-Jamor, para discorrer sobre a época, Sérgio Conceição e o Clube.
Regressei há pouco da Madeira, onde estive muitíssimo bem e - logicamente - assisti ao vivo ao Nacional -
Porto. Não tenho nenhuma intenção de escrever sobre o jogo nem sobre qualquer jogo de futebol deste pardieiro em que se transformou o "
Futebol Português".
O "Futebol Português" é quase tudo menos uma competição desportiva - daquele desporto que todos adoramos e que se chama... futebol! O "Futebol Português" é um esgoto a céu aberto para onde desaguam e onde prosperam toda a espécie de delinquentes, vigaristas e criminosos.
Hoje, o "Futebol Português" é somente:
- Uma Federação e respectivo presidente capturados pelos desígnios dos sem-vergonha (a.k.a. Benfica de Vieira), que se limita a fazer de conta que tutela as competições profissionais, quando na realidade se esquiva a assumir as suas claras responsabilidades de regular e fazer cumprir esses regulamentos, resumindo-se às Seleções (outra pouca vergonha, mas que na verdade pouco ou nada me interessa);
- Uma Liga que simplesmente não existe enquanto entidade independente e supra-clubes e se limita a gestão corrente, assegurando a função básica de organizar os jogos (sort of);
- Um campeonato onde pelo menos 80% dos clubes participantes são entrepostos dos sem-vergonha, vivendo à custa de subsídios ilegais (em género e em espécie), alinhando em fila e prestando-se a todo o tipo de negociata para finalmente receber as suas migalhas bolorentas;
- Um campeonato onde, mesmo nos clubes não-alinhados, há sempre jogadores que cometem erros básicos, têm deslizes infantis, são, em suma, infelizes quando defrontam os sem-vergonha. Os dez que o Nacional levou de uma vez só e o Braga em duas prestações são apenas os exemplos mais vergonhosos desta farsa, porque em quase todas as jornadas é possível detectar um ou vários casos destas infelicidades;
- Um Conselho de Disciplina sem pingo de isenção ou seriedade, comprovadas pelas estapafúrdias decisões e omissões desta temporada, sempre em benefício dos sem-vergonha;
- Um Conselho de Arbitragem sem o mínimo de credibilidade, incapaz de se auto-gerir, impotente e incompetente para dar aos fracos árbitros o mínimo de condições e garantiras para que apitem de acordo com a sua (pouca) capacidade, sem estarem sujeitos a pressões fortíssimas por parte dos sem-vergonha face a decisões que não os beneficiem em toda e qualquer circunstância.
- Um grupelho de Árbitros, composto maioritariamente por gente medíocre, sem o mínimo perfil para comandar um jogo de futebol, absolutamente temeroso de cometer algum erro que prejudique os sem-vergonha. Viram e registaram como fado inescapável o que aconteceu a ex-colegas quando se atreveram a não os favorecer à margem das Leis do jogo. Sabem que não há futuro na arbitragem (nem fora dela...) sem promiscuidade e vassalagem absoluta aos sem-vergonha;
- Uma corte de "jornaleiros", paineleiros, peritos e arautos da carapinha e do fair-play que se submetem, ora com resignação, ora com fervor, à gigantesca manipulação mediática que diariamente contamina os portugueses, bombardeados non-stop com factos falsos, opiniões insidiosas, palpites insultuosos e tentativas de desestabilização do Porto, única equipa que se mostrou perfeitamente capaz de os derrotar em campo durante uma temporada completa e de, com toda a justiça - a única justiça possível, vencer o campeonato. Sim, apesar de todos os erros próprios. Mesmo assim, melhores.
- Um exército de trolls disseminados pelas redes sociais, que mais não pretendem do que criar diversões para desviar o foco das vigarices realizadas por ou a mando dos sem-vergonha.
No final, sobram os lampiões, esse desvio de personalidade que toma de assalto a consciência até do vulgar cidadão, que no restante procura viver uma vida digna e (vou arriscar agora) honrada. Saem à rua, vangloriam-se, agridem indefesos, destroem propriedade alheia, tudo por conta de uma "vitória" que nunca, mas nunca foi nem será deles - apenas um logro, uma vigarice, bem à vista de todos e fácil de descortinar, mas que essa infecção maldita os "impede" de o ver. Ou então não, são apenas tão vigaristas como quem os lidera.
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Que eles queiram chafurdar neste lodo, eu entendo. Que nós - todos os não-lampiões, mas em concreto os Portistas e em particular o Presidente Pinto da Costa, enquanto líder e representante da direcção eleita, NÃO. Não compreendo e não aceito mais. Isto tem de ser o limite, JÁ CHEGA.
É evidente que ninguém nos liga, ninguém com responsabilidades, dentro ou fora da pocilga, está interessado em ouvir e compreender o que se passa e agir em conformidade. Como se viu nos últimos meses, a Justiça portuguesa está (também ela, como a política e muitos outros sectores da sociedade) parcialmente capturada pelos meninos e meninas bonitas dos sem-vergonha, que a troco de um prato de lentilhas e desse fervor doentio se deixam corromper e assim traem os seus princípios e "juramentos" e os nossos direitos e garantias constitucionais. UEFA e FIFA, nem vale a pena tentar, só lidam com corrupção de alto perfil - a sua própria.
É por isso tempo de, nós Portistas, nos lembrarmos do que somos feitos, de onde viemos e de quais são os valores basilares sobre os quais assenta esta nossa jura de amor eterno. A luta do Clube é a luta da Cidade que lhe deu o nome. A defesa do que é nosso, por direito, porque criado com o nosso suor e contra a usurpação sistemática do nosso provento pela e para a ostentação da capital.
Não podemos continuar a assistir de braços cruzados ao retomar da vigarice dos anos do Treta, agora ainda mais às claras e sem qualquer reserva de pudor (como se eles soubessem o que isso é). Esta farsa, esta fraude gigantesca a que chamam "Futebol Português" está prestes a falsificar mais um "campeão" (sempre o mesmo "campeão"), após mais um andamento da vigarice em Vila do Conde (tal como Braga, Feira e Moreira).
Eu, sócio e accionista, exijo que o Porto tome uma medida definitiva, independentemente das consequências que daí advierem. Não digo que não sejam ponderas, pelo contrário, mas chegados a este ponto, não vejo o que poderia ser pior do que participar (e assim validar) esta vigarice imunda e sem fim à vista.
Se o presidente e seus pares não têm interesse ou simplesmente não partilham desta visão, então devem dizê-lo e serem julgados por isso. O silêncio é que não é aceitável, porque ensurdece. E prefácios de revistas e tweets também não valem quase nada, porque não resolvem nada. Eles não têm vergonha na cara e não se importa do que se diz sobre eles, em especial se for verdade.
Pinto da Costa tem uma última missão, se a mais não se propuser: reacender o combate sem tréguas contra o nacional-lampionismo que se julga intitulado a vencer por direito próprio e à margem de todas as regras.
E eu que proponho em concreto? Sabendo que os Estatutos não o prevêem mas admitindo que não o proíbem, marcar uma Assembleia Geral Extraordinária para a próxima sexta-feira, com ponto único para discussão: como deve o Clube reagir a este estado de coisas.
Por mim, defendo como mínimo a não-comparência ao último jogo do campeonato, equacionando também faltar ao Jamor, a convocação de todos os Portistas para uma manifestação massiva na sede que se julgar mais conveniente, fazer campanha para punir nas urnas todos os responsáveis políticos (sempre, agora uns, depois os próximos, é-me indiferente) e uma nova exposição à UEFA (mesmo sabendo o resultado) bem divulgada nos media internacionais.
Podemos perder o segundo lugar, podemos ser relegados para uma divisão inferior, podemos até falir e ter de recomeçar de novo. Meço as palavras, não as atiro da boca para fora. Sou Portista e continuarei a ser, seja em que divisão for, em que campo jogar. Não ganho nada com o Clube que não seja a alegria de ver as nossas equipas jogar e vencer sempre que somos melhores. Mas tenho muito a perder: a minha identidade, os valores com que fui educado e que em boa parte partilho com o Clube e a minha alma Portista. Mas isso só poderia acontecer se ficasse (eu e o Clube) quieto, amorfo, resignado a esta podridão que tomou de assalto o desporto nacional. Se lutarmos, nunca perderemos, nunca.
Do Porto com Amor,
Lápis Azul e Branco