Feio mas normal

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Feio mas normal



Estive hoje a ver os últimos 15 minutos do jogo de ontem entre Portugal e Suécia, a contar para o Europeu de Sub-21 que por estes dias decorre na República Checa.

E fi-lo com o intuito de me elucidar sobre a grande indignação, italiana mas não só, sobre o suposto arranjinho entre as 2 seleções (sabendo que o empate servia a ambas, dada a vantagem confortável da Itália no outro jogo).

Ora, o que eu vi, foi algo perfeitamente normal.

E passo a explicar porquê: pelo que assisti em directo (primeira parte) e pelo resumo do jogo, ninguém pode acusar nenhuma das equipas de não ter tentado fazer golos. E a maior prova disso é que de facto se marcaram golos.

Após algumas boas ocasiões para inaugurar o marcador, Portugal marcou mesmo. Já passava dos 80 minutos, o que obviamente terá feito disparar todos os alarmes nas cabecinhas suecas - tinham já menos de 10 minutos para pelo menos marcar um golo e chegar ao empate.

Do lado português, um alívio. Sabendo nós que estando o jogo empatado, um qualquer lance fortuito que acabasse em golo da Suécia nos empurraria para fora do Europeu, aquela vantagem já perto do final terá tido um efeito tranquilizador. Mas não anestésico, porque entre os dois golos da partida, Portugal continuou a jogar e a tentar marcar o segundo.

Quando o golo sueco acontece, já depois do minuto 88, os alarmes dispararam outra vez, mas agora do nosso lado. Aquele receio latente que já antes haviam experimentado - o de sofrer um golo - voltou mas amplificado, porque tendo o jogo recomeçado a 15 segundos do minuto noventa, já não haveria tempo para ninguém se redimir de nova falha.

O que esperavam então que acontecesse? Que Portugal arriscasse na busca da vitória, em tempo de descontos, só para afastar dúvidas de quem quer que fosse?

Lamento desiludir quem pensa assim, mas seria perfeitamente anti-natural. Portugal conservou a bola durante aqueles 3 minutos e 15 segundos (sim, foram apenas 3 minutos e não uma parte do jogo!) e a Suécia nunca fez uma tentativa séria de a recuperar.

É bonito? Não.
É compreensível? É.

Para outras situações, em que efectivamente se percebe que as equipas não estão interessadas em jogar o desde o início ou durante grande parte do jogo (como aconteceu no Euro 2004 entre Dinamarca e Suécia, novamente com a Itália a ficar com a fava), talvez se devesse estudar um regra contra o jogo passivo: não sou especialista nem dediquei nenhum tempo a reflectir sobre o assunto, mas possivelmente haveria uma fórmula para pelo menos desincentivar tais práticas.
 
E para terminar: o que se diria hoje, se Portugal tivesse tentado marcar nos descontos e acabasse por sofrer outro golo?


Do Porto com Amor



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